segunda-feira, 22 de maio de 2017

OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS INDUSTRIALIZADOS

Não é apenas a maior ou menor quantidade de indústrias que define o subdesenvolvimento, mas principalmente estes dois elementos interligados: a dependência econômica-tecnológica e as grandes desigualdades sociais.
Existem atualmente alguns países do Sul, como a África do Sul, Formosa ou Taiwan, Coréia do Sul, México e Brasil, além de outros, em que a atividade industrial assumiu maior importância que as atividades agrícolas e mineral. São países nos quais a grande maioria da população vive em cidades e não mais no campo, e em que a classe dominante é composta principalmente pelo empresariado urbano (banqueiros, industriais, diretores de empresas estrangeira e de grandes empresas estatais) e não mais pelos fazendeiros e comerciantes exportadores, como ocorria no passado.
Mas o fato de serem nações industrializadas não significam que esses países superaram a situação de subdesenvolvimento. Pelo contrario: grande parte das empresas mais lucrativas na economia desses países são filiais de empresas estrangeiras e remetem boa parte dos lucros ao exterior. Seus melhores solos agrícolas não se destinam ao cultivo de alimentos para sua população, mas ao cultivo de matérias-primas para as indústrias e, principalmente, à produção de gêneros de exportação, pois estão quase todos endividados e necessitam multiplicar suas exportações para tentar pagar suas dívidas.
As desigualdades sociais nesses países são muito acentuadas, tendo geralmente se agravado mais ainda com a industrialização; grande parte de suas industriais são multinacionais que lá se instalam em razão da mão-de-obra barata (baixos salários em comparação aos países do Norte) e outras facilidades (remessas de lucros, terrenos baratos, empréstimos facilitados, impostos reduzidos, ausência de um controle rigoroso da poluição, etc.).
Em média, um trabalhador em países como o México, o Brasil ou a África do Sul ganha, para realizar as mesmas atividades, cerca de dez meses menos que um trabalhador nos Estados Unidos, na Alemanha ou no Japão. Um trabalhador alemão, por exemplo, precisa trabalhar em média cerca de seus minutos para adquirir um litro de leite, 13 minutos para um quilo de batatas, 20 minutos para um quilo de arroz 20 minutos para uma dúzia de ovos e 45 horas para um televisor. Já um trabalhador brasileiro precisa trabalhar em média cerca de uma hora para comprar um litro de leite, uma hora e vinte minutos para um quilo de batatas, uma hora e quarenta minutos para um quilo de arroz, uma hora e quinze minutos para uma dúzia de ovos e 915 horas para um televisor.
Assim sendo, a expressão país subdesenvolvidos industrializado não é absurda; pelo contrário, é correta, pois industrialização não deve ser confundida com desenvolvimento.
Portanto, quando afirmamos que o Brasil é um país subdesenvolvidos industrializado, estamos dizendo que:
• É um país capitalista, isto é, possui uma economia na qual predomina as empresas privadas e na qual a busca de lucro é o objeto principal das decisões econômicas. A sociedade divide-se principalmente em duas classes sociais básicas: a burguesia (capitalistas), constituída pelos proprietários dos meios de produção (bancos, indústrias, fazendas, firmas comerciais, etc.) e que vivem dos lucros de suas propriedades; e o proletariado (empregados assalariados), que são os que vivem de seu próprio trabalho, pago sob a forma de salário;
• É um país capitalista mas dependente, ou seja, não é um país do centro do capitalismo mundial, e sim da periferia desse sistema. Isso significa que nele aparecem todos os elementos que caracterizam a dependência econômica-tecnólogica (relações comerciais desfavoráveis, grande dívida externa, presença marcante de empresas estrangeiras em sua economia, pouquíssima criação de tecnologia e muita reprodução de técnicas e padrões criados no exterior, etc.) e que as desigualdades sociais são bastante intensas;
• Pertence ao Sul, ao conjunto de países periféricos ou subdesenvolvidos, só que não ao grupo mais pobre e menos industrializado (tais como Uganda, Costa do Marfim, Paquistão, Bangladesh, Zaire, Bolívia e outros), e sim ao grupo de países subdesenvolvidos industrializados, juntamente com a Argentina, o México, a África do Sul e chamados “tigres asiáticos”(Coréia do Sul, Taiwan, Malásia, Hong Kong e Cingapura).

Nenhum comentário:

Postar um comentário