O comércio baseia-se na troca voluntária de produtos e essas trocas podem ter lugar entre dois parceiros (comércio bilateral) ou entre mais do que dois parceiros (comércio multilateral). Já comércio internacional é a troca de bens ou serviços entre fronteiras internacionais.
Na atual fase da globalização, tem-se observado um extraordinário crescimento do comércio internacional. De acordo com os dados da OMC (Organização Mundial do Comércio), em 1950, o intercâmbio comercial mundial era de 64 milhões de dólares. Em 2013, atingiu a marca dos 18,8 trilhões de dólares.
Alguns fatores foram decisivos para que isso ocorresse, entre eles: a melhoria dos meios de transportes e de comunicação; a diminuição dos custos e dos fretes; o rápido crescimento da população mundial nos últimos 50 anos; o aumento do rendimento de muitas famílias; e a entrada de novos países no comércio internacional mundial. Essas transformações resultaram na difusão de um estilo de vida centrado no consumo, daí a expressão sociedade do consumo, caracterizada por uma imensa procura por todo tipo de produto e pela liberalização das regras comerciais – com objetivo de facilitar a exportação e a importação (balança comercial) de mercadorias entre os países.
O comércio internacional, no entanto, continua apresentando desigualdades marcantes: enquanto Europa Ocidental, América do Norte e parte da Ásia – os três principais polos da economia mundial – apresentam grandes participações no comércio mundial, muitos países da América Latina e da África, por exemplo, ocupam posições marginais, com reduzidos fluxos de importação e exportações.
Em parte, isso se explica pela maior capacidade de produção e de consumo dos países cuja industrialização é mais desenvolvida e pelo fato de muitos desses países manterem barreiras comerciais que impedem a entrada de produtos mais baratos, principalmente agropecuários, oriundos dos países subdesenvolvidos e emergentes.
Em todo o mundo, parte expressiva da produção, do comércio e do consumo é impulsionado e controlado pelas chamadas transnacionais – empresas com alto nível de organização que atuam dentro e fora do território de seu país de origem, por meio de filiais espalhadas pelo mundo.
Embora existam inúmeras transnacionais originárias de países emergentes – como as brasileiras Petrobrás e Vale, que têm sede no Rio de Janeiro e atuam em mais de 25 países; e a chinesa Sinopec, do setor energético, que ocupou, em 2013, 3º lugar no ranking das maiores transnacionais em volume de negócio – , a maioria e as mais poderosas estão sediadas nos países desenvolvidos. Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Suíça. Para ter ideia, o valor de negócios de muitas dessas empresas super o PIB de diversos países. É o caso da Áustria (428,3 bilhões de dólares) e de Portugal (227,3 bilhões de dólares).
Por causa de sua importância econômica, algumas transnacionais têm um enorme poder de influenciar a economia global de acordo com seus próprios interesses econômicos e políticos.
Realizam maciços investimentos tanto nos países de origem como nos países do Sul – onde são atraídas por diversas vantagens, como a disponibilidade de matéria-prima e mão de obra baratas, mercados consumidores promissores para a expansão de seus negócios, leis e fiscalização mais brandas ou ausentes, além de grandes oportunidades oferecidas pelos governos locais de redução de impostos, que favorecem a lucratividade dessas empresas.
Com base nesse cenário, as transnacionais são responsáveis por uma nova forma de produção: a fábrica global - forma descentralizada de produção, em que cada etapa pode ser desenvolvida em um país diferente, de acordo com as vantagens que esse país oferece quanto aos custos de produção, a margem de lucro e a possibilidade de aumentar sua competitividade no mercado global.
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