quinta-feira, 17 de abril de 2014
O CRESCIMENTO VEGETATIVO DA POPULAÇÃO
O crescimento natural ou vegetativo da população é a diferença positiva entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No caso do Brasil, constituí o elemento principal do incremento demográfico, quase coincidindo esses dois processos. As taxas de mortalidade vêm diminuindo no Brasil desde os anos 1940. Esse decréscimo foi anterior à diminuição das taxas de nascimentos, algo comum em todo o mundo. Sempre ocorre primeiro queda na mortalidade e, uma ou duas décadas depois, se observa queda semelhante na natalidade, lapso esse que origina em período denominado “transição demográfica”, no qual o crescimento natural da população se acentua muito. Nos países desenvolvidos esse período ocorreu no século XIX, e hoje eles possuem baixas taxas de natalidade e de mortalidade, com crescimento vegetativo pequeno ou, as vezes, até com taxas negativas. Já no Brasil, só agora começou a superar a “transição demográfica”, está em uma situação intermediária, com crescimento demográfico já baixo, que deverá cair ainda mais, para depois se estabilizar. Essa queda nas taxas de mortalidade no Brasil e suas razões podem ser resumidas em alguns pontos: · Desde o final do século XIX, os índices de mortalidade no Brasil vêm diminuindo, tendo sido registrada taxa de 30,2۪‰ em 1980, 26,4‰ em 1920, 14,2‰ em 1960 e 7,8‰ em 2000. Essa redução se deve principalmente à melhoria das condições sanitárias e higiênicas, como o saneamento de lagoas e pântanos, a dedetização de locais de trabalho e de moradia, a expansão das redes de esgoto e água encanada, a vacinação em massa da população, etc. a disseminação do uso de sulfas, antibióticos e inseticidas possibilitou o controle de grande número de enfermidades que, embora simples, causavam muitas mortes prematuras. · Houve uma alteração nas principais causas das mortes: no início do século XX, as doenças que causavam maior mortalidade eram as infecciosas e parasitárias e as dos aparelhos respiratório e digestivo; nos últimos anos, observou-se diminuição dessas doenças e aumento de outras, como distúrbios dos sistemas circulatórios e nervoso, além de maior incidência de câncer. Assim, ocorreu grande declínio das doenças que costumava ser chamadas “de pobre” (tuberculose, pneumonia, malária, etc.) – embora não tenham desaparecido – e aumento das doenças “ de rico” (câncer, cardiovasculares, etc.), e na média geral o índice de mortalidade declinou. Um fato a ser enfatizado é que o declínio nos índices de mortalidade tem um limite: cerca de 6‰. Então se estabiliza e depois de certo tempo, por causa do envelhecimento da população, começa a subir novamente até atingir um patamar de 9‰. Dessa forma, é provável que essa queda nas taxas de mortalidade do Brasil tenha já alcançado seu limite – ou quase – e fique relativamente estabilizada até por volta de 2010, começando depois a subir um pouco pelo aumento da proporção de idosos na população total. A natalidade ainda tem espaço para declinar vários pontos nos próximos anos, mas a mortalidade quase já não tem mais o que diminuir. As taxas de natalidade também vêm diminuindo. Esse declínio ocorre paralelamente ao processo de urbanização que se intensificou a partir de 1950. as razões desse fato são várias: · No meio urbano, especialmente nas grandes cidades , as pessoas casam-se mais tarde que no meio rural. É evidente que não há necessidade de casar-se para ter filhos, mas a regra geral é tê-los após o casamento por causa do encargo econômico que representam, do preconceito que ainda existe contra mães solteiras, etc. assim, com a urbanização e a concentração populacional em grandes centros urbanos, a idade média com que as pessoas se casam aumenta, e isso diminui a média de filhos por família, já que o período de fertilidade de um casamento que se iniciou com a idade de trinta anos para cada parceiro, por exemplo, será menor que a de outro que se inicia com dezesseis anos para cada cônjuge. · Nas cidades, em geral, há um ideal de quantidade de filhos menor que no meio rural. Isso porque os cuidados para cria-los devem ser maiores: há falta de espaço para as crianças brincarem, há necessidade de alguém levá-las à escola, etc. Além disso, no campo é comum os menores de idade ajudarem a família nas tarefas agrícolas, ao passo que na cidade é mais difícil empregar menores de quatorze ou quinze anos. · Desde a década de 1970 que se expandiu muito no Brasil o uso de anticoncepcionais, em especial nos centros. · Outros fatores que devem ter contribuído para essa queda da natalidade são os abortos e a desnutrição. O número de abortos, segundo a opinião de médicos e especialistas em demografia, aumentou muito nas últimas décadas: as estimativas variam de 800 mil a mais de 4 milhões por ano.tais estimativas são assim tão dispares porque não existem dados estatísticos sobre o assunto, uma vez que o aborto provocado é ilegal no país e praticado clandestinamente. A desnutrição, por sua vez, também aumentou muito por causa do crescente desemprego e dos baixos salários, e ela concorreu para essa acentuada queda da natalidade das últimas décadas porque, em alguns casos, pode inibir a ovulação feminina e provocar mortalidade intra-uterina. Todavia, apesar de diminuírem bastante nas últimas décadas, os índices brasileiros de natalidade ainda são relativamente altos se comparados aos dos países desenvolvidos: nos Estados Unidos é de 14‰, no Japão e na Suécia 10‰. Mas a taxa de natalidade do Brasil é significativamente mais baixa que aquelas ainda vigentes nos campeões de crescimento demográfico, como Uganda 51‰, Bangladesh 42‰, Congo 40‰ e Nigéria 39,5‰.
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