segunda-feira, 20 de março de 2017

O TERRITÓRIO BRASILEIRO E O POVOAMENTO


Com um território de 8.514.876 km², o Brasil é considerado um país-continente. De fato sua extensão territorial é uma das maiores do mundo (quinta posição) e inclui-se entre o seis países que possuem mais de 7 milhões de quilômetros quadrados. Os países continentais têm uma dimensão superior à da maior ilha do mundo, a Groenlândia, com 2,6 milhões de quilômetros quadrados. Todas as massas de terras emersas maiores que essa imensa ilha são consideradas continentais.
A expressão país-continente advém do fato de a área Austrália, que praticamente engloba o menor dos continentes, a Oceania, ser de aproximadamente 7,6 milhões de quilômetros quadrados. Para termos uma ideia desse tamanho, podemos lembrar que toda a Europa, a ocidental e a oriental (excluindo a parte europeia da Rússia), com 45 Estados independentes, possui apenas cerca de 5,2 milhões de quilômetros quadrados.
Alguns estados do Brasil – como o Amazonas, Pará, Mato Grosso e Minas Gerais – possuem cada um, uma área territorial superior à de inúmeros países europeus reunidos.
Se observarmos um mapa de densidade demográfica ou povoamento do Brasil, poderemos notar que a população se concentra no litoral ou, melhor, em uma estreita faixa de terra que vai do oceano Atlântico até cerca de 150 Km para o interior. As cidades mais populosas se localizam nessa faixa: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Belém, entre outras. As exceções – grandes áreas metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes situadas a mais de 150 km do litoral – são Belo Horizonte, Brasília-Goiânia e Manaus.
A regra geral é a concentração litorânea , principalmente próximo ao litoral do Nordeste oriental (zona da Mata Nordestina) e no Sudeste do país (entre São Paulo e Rio de Janeiro). A parte ocidental do país, principalmente a Amazônia, ainda permanece com baixa densidade demográfica, embora isso venha se alterando nas últimas décadas. Para a Amazônia, principalmente para Amapá, Rondônia e Mato Grosso, têm-se deslocado contingentes populacionais do Sudeste, do Nordeste e do Sul do país.
Era muito comum a ideia de “descobrimento” do Brasil. Seria como se ele já estivesse “pronto” e faltasse somente alguém, um navegador português, encontrá-lo. Mas se o Brasil somos nós – o povo, a sociedade ou a nação brasileira, com a sua cultura, o seu território e as suas instituições –, então ele ainda não existia em 1500. O que havia era um espaço físico, a América do Sul, habitado por milhares de sociedades indígenas, cada uma com um território diferente.
O Brasil foi, assim, uma construção na qual os colonizadores portugueses se apropriaram de certas áreas, geralmente expulsando, às vezes escravizando, ou exterminando os indígenas que as ocupavam; com o tempo, expandiram seu território para as áreas de colonização espanhola (ou para países vizinhos) e criaram neste novo mundo uma sociedade diferente, que um dia se tornou um Estado-Nação independente.
A formação do território brasileiro é um tema que sempre fascinou os estudiosos, por causa de alguns aparentes inigmas: somos um imenso território, um dos maiores do mundo e o maior da América Latina; as áreas de colonização portuguesa na América deram origem a um só país, o Brasil, enquanto as áreas de colonização espanhola originaram inúmeros países independentes e a maioria dos brasileiros se concentra mais na parte leste do território, próximo ao litoral.
A construção de nosso país foi muito diferente daquela dos povos mais antigos – em razão da sua história de colonização, os indígenas que aqui viviam tiveram que se adaptar aos costumes dos colonizadores portugueses para não serem exterminados; também os negros, trazidos à força para trabalharem nas plantações como escravos, tiveram que mudar muitos de seus hábitos e costumes para sobreviverem; e o próprio branco português acabou, também, mudando, influenciado pelo que indígenas e negros traziam em sua bagagem cultural.
Além disso, durante 500 anos de história, esse povo promoveu o que se chama de miscigenação, ou seja, brancos, negros e índios produziram mestiços, como os caboclos, os mulatos, os cafusos – que, além de misturarem os tipos físicos, também produziram misturas culturais.
Porém, outros povos vieram se juntar aos português mais recentemente: italianos, espanhóis, eslavos, alemães, árabes chegaram trazendo novas formas de ver o mundo, novos costumes, novos hábitos, etc. Chegaram também os orientais, como os japoneses, os chineses, os coreanos, trazendo sua bagagem cultural milenar.
Assim, o povo ou nação brasileira é a mistura de todas essas diferenças – e, por isso, é único.
O enorme território que conhecemos hoje também teve uma história que o diferencia de outros no mundo – a ocupação foi feita lentamente a partir do litoral Atlântico para o interior.
Também aqui, na produção de um governo próprio e soberano, o Brasil se diferencia – enquanto muitos países se estabeleceram, da maneira como os conhecemos, há muito tempo, o nosso país só conseguiu sua autonomia no século XIX (07 de setembro de 1822) – até então ele era parte de um outro país, Portugal.
Somente com a independência foi possível, assim, se construir efetivamente um novo país – no princípio, a forma de governo foi a Monarquia (Império) e, já no final do século XIX, foi mudada para República Federativa.
Somo um país de fato,pois temos elementos que o compõem como tal: o povo, o território e o governo. Essa construção de nosso país, não ocorreu por acaso, mas acompanhou todo o processo de formação histórico-cultural do povo brasileiro e que, embora atualmente já podemos identificar o país como único, ainda não fizemos tudo: há que se aprimorar e valorizar a cultura do povo brasileiro, há que se ocupar plenamente e integrar o território nacional e há que se depurar e aperfeiçoar o governo para que sirva aos interesses comuns, de fato.
Portanto, cabe a cada um de nós, integrante desse povo, desse território, desse governo, contribuir para tornar isso possível – é isso que chamamos de cidadania.

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