terça-feira, 29 de agosto de 2017
O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DO BRASIL
A industrialização do Brasil – isto é, a mudança de uma sociedade rural e agrária para uma sociedade urbana e industria – começou no fim do século XIX, tendo se intensificado a partir dos anos de 1930. Os fatores indispensáveis para a modernização do Brasil foram a abolição da escravidão e a consequente expansão do trabalho assalariado, a imigração e a expansão de um mercado consumidor, as exportações de café e os capitais que elas geraram.
Sabemos que foi apenas no final do século XIX que a escravidão no Brasil foi abolida, período em que também se aceleraram a vinda de imigrantes e a expansão da relação de trabalho assalariada. Isso tudo foi fundamental para a expansão das indústrias no país. Antes havia no máximo algumas indústrias isoladas, muito artesanato e algum crescimento manufatureiro, mas não industrialização.
A escravidão era um obstáculo à modernização tecnológica do trabalho, à aquisição de máquinas, pois a compra de escravos era um investimento alto e feito a vista, antes mesmo que eles começassem a trabalhar. Os proprietários de escravos queriam explorá-los ao máximo, e, portanto, não era conveniente adquirir máquinas para poupar trabalho humano. A evolução tecnológica pressupões especialização do trabalhador, e também não convinha aos proprietários educar e especializar seus escravos.
A relação de trabalho assalariada apresenta efeitos contrários à escravidão no que se refere à expansão da maquinaria. O trabalhador assalariado não constitui investimento elevado à vista, pois ele só recebe depois de começar a trabalhar e aos poucos (semanal ou mensal). Os salários e a liberdade de comprar o que quiserem fazem dos proletários uma parcela de consumidores de bens industrializados. Os seja, com o trabalho assalariado, o mercado consumidor se amplia.
Outro fator importante para o surto da industrialização foi a imigração. Os imigrantes – principalmente italianos e espanhóis – foram os primeiros trabalhadores assalariados no Brasil, os primeiros operários da indústria nascente, e aumentaram o mercado consumidor do país , pois já tinham o hábito de adquirir bens manufaturados nos seus países de origem.
Como a industrialização brasileira foi tardia, pois começou com um atraso de quase dois séculos em relação aos países líderes da Revolução Industrial, as máquinas utilizadas e a tecnologia não foram produzidas internamente, mas importadas daqueles países que já as desenvolviam há quase dois séculos, notadamente o Reino Unido. Isso significa que não ocorreu aqui a passagem do artesanato para a manufatura e desta para a indústria, como nos países desenvolvidos.
A atividade fabril começou já em sua forma moderna, não com as máquinas antiquadas do início da Revolução Industrial (como a máquina a vapor), mas com máquinas movidas a eletricidade ou a combustão. E os estabelecimentos industriais já surgiram com grande porte para a época, e não na forma de pequenas oficinas. Em grande parte, os pequenos estabelecimentos artesanais ou manufatureiros que existiam antes desse processo acabaram sendo destruídos por ele – faliram, vencidos pela concorrência.
Para importar essa maquinaria era preciso uma fonte de divisas (moedas forte), um produto de exportação que gerasse rendas para serem aplicadas na atividade industrial. Esse produto existia desde o início do século XIX: o café. A lavoura cafeeira era, na época, a principal atividade da nossa economia, o negócio mais lucrativo, e desenvolvia-se principalmente em São Paulo, de início no Vale do Paraíba e, no fim do século XIX e início do século XX, na porção oeste desse estado.
As condições favoráveis para investimentos na indústria surgiram com as crises nas exportações de café e com o crescimento do mercado consumidor de bens industrializados, inicialmente eram importados da Europa, de fato foi nos momentos de crise – como a Primeira Guerra Mundial, a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial – que o processo de industrialização do Brasil teve seus períodos de maior impulso.
Nesses momentos havia dificuldades não só para exportar café (que deixava de ser um negócio tão atraente) como também para importar bens industrializados, que já eram bastante consumidos. Isso tornava interessante – e atrativo – investir capitais na indústria, especialmente na indústria de bens de consumo duráveis (como a têxtil, de vestuário, de móveis, gráfica, etc) e não duráveis (como de bebidas, de alimentos, de cigarros e outras).
Assim pode afirmar que a industrialização brasileira teve, até o final da Segunda Guerra Mundial, caráter substitutivo, ela foi um processo de substituição de importação. Tratou-se de produzir internamente bens que eram importados dos países desenvolvidos.
Após a Segunda Guerra Mundial e especialmente a partir da década de 1950, esse processo de industrialização adquire novo caráter: as empresas norte-americanas, europeias e mais tarde japonesas começaram a se internacionalizar, tornando-se multinacionais e penetram fortemente no Brasil. O estado, passa, então, a associar-se ao capital estrangeiro ou ao privado nacional, além de criar grande número de empresas industriais públicas.
Nessa segunda metade do século XX, a industrialização brasileira deixa de ser feita essencialmente com capitais privados nacionais, em razão da notável expansão das empresas estrangeiras e também das estatais. E o surto industrial não se restringe mais às industrias de bens de consumo, atinge também o setor de bens intermediários e até de bens de capital, embora, nesse caso, em menor
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