quarta-feira, 23 de agosto de 2017

TIPOS E ETAPAS DA INDUSTRIALIZAÇÃO


A industrialização, base da modernização ou da sociedade moderna, vem ocorrendo há mais de dois séculos. Consiste não apenas na criação de um número cada vez maior de indústrias, mas também no constante aprimoramento tecnológico, no domínio da cidade sobre o campo e da técnica sobre a natureza.
Esse processo sempre acarreta urbanização e maior divisão do trabalho entre as pessoas e entre as regiões, ou seja, surge um número maior de atividades e profissões, localizadas principalmente nas cidades, e as regiões do país e até mesmo do mundo passam a ser mais integradas ou interdependentes.
• A industrialização pode ser dividida em diferentes tipos e etapas. Do ponto de vista político-econômico, podemos dizer que houve três tipos: a industrialização clássica ou original, a planificada e a tardia, periférica ou retardatária. Quanto à complexidade tecnológica, ela pode ser dividida em três etapas ou fases: a Primeira, a Segunda e a Terceira Revolução Industrial.
Industrialização clássica – foi típica dos países do Norte. Como o próprio nome diz, foi a primeira, a original, bem anterior às demais. Ela começou na Inglaterra, em meados do século XVIII, e no século XIX se espalhou para outros países europeus e de outros continentes (Estados Unidos e Japão).
• Industrialização planificada – ocorreu apenas no século XX, nos países que adotaram economias planificadas, denominadas socialistas. Consistiu em um notável esforço para ampliar os estabelecimentos industriais, com amplo predomínio de empresas estatais e ênfase nas indústrias pesadas ou de meios de produção (siderúrgicas, metalúrgicas, petroquímicas, de cimento e outras). Esse tipo de industrialização existiu até o final da década de 1980, tendo sido importante para o avanço industrial de países como a antiga URSS, a antiga Alemanha Oriental, a Polônia, a Bulgária e outros.
• Industrialização tardia – foi a que ocorreu no Brasil, como o nome sugere, foi historicamente atrasada em relação à original – ela foi mais comum no século XX, e ocorreu em muitos países do Sul. Ela difere dos outros dois tipos por vários fatores:
• É feita em grande parte com capitais estrangeiros, enquanto nas outras predominam os capitais nacionais;
• Tem por base maior desenvolvimento das indústrias de bens de consumo, ao contrário da industrialização planificada, em que predominam as indústrias de base e, da industrialização clássica, caracterizada por um desenvolvimento equilibrado entre esses dois tipos, que criam sua própria tecnologia.
Este último fator é particularmente grave porque a tecnologia que os países do Sul adquirem dos países desenvolvidos – feita por eles e adequada a sua realidade – provoca fortes distorções na economia ao ser utilizada sem as adaptações necessárias. Por exemplo: os países subdesenvolvidos, de crescimento demográfico normalmente maior que os dos desenvolvidos, costumam importar tecnologia poupadora de mão-de-obra. Como resultado, sua população cresce a um ritmo maior que a da oferta de novos empregos, aumentando o desemprego e o subemprego.
Além disso, essa tecnologia importada é destinada à produção de artigos que custarão muito mais para a maioria da população do Sul, por causa da distribuição muito desigual da renda. No final, apenas uma minoria privilegiada acaba usufruindo esses bens “modernos”, que serão produzidos pelas indústrias mais avançadas.
Assim, esse tipo de progresso industrial dos países subdesenvolvidos baseada em capitais e tecnologia estrangeira, acaba por agravar as desigualdades sociais, pois aumenta o exército de reserva de trabalhadores desses países e facilita à empresas pagarem baixo salário, pois aumenta a concorrência entre as pessoas por qualquer emprego.

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