domingo, 1 de abril de 2018

A CONSTRUÇÃO DO BRASIL

Era muito comum a ideia de “descobrimento” do Brasil. Como seria se ele já estivesse “pronto” e faltasse somente alguém, um navegador português, encontrá-lo. Mas se o Brasil somos nós – o povo, a sociedade ou a nação brasileira, com a sua cultura, o seu território e as suas instituições –, então ele não existia em 1500. O que havia era um espaço físico, a América do Sul, habitado por milhares de sociedades indígenas , cada uma com um território diferente.
O Brasil foi, assim, uma construção na qual os colonizadores portugueses se apropriaram de certas áreas, geralmente expulsando, as vezes escravizando, ou exterminando os indígenas que as ocupavam; com o tempo, expandiram seu território para as áreas de colonização espanhola e criaram neste novo mundo uma sociedade diferente, que um dia se tornou um Estado-nação independente.
A construção do Brasil durou vários séculos e teve dois aspectos principais: a formação territorial, isto é, a forma de ocupação da terra e a sua delimitação por meio de fronteiras; e a criação de uma sociedade ou de uma nação com a sua cultura (valores e hábitos) e instituições próprias – especialmente o Estado ou o poder público em todos os níveis e esferas.
A construção de nosso país foi muito diferente daquela dos povos mais antigos – em razão da sua história de colonização, os indígenas que aqui viviam tiveram que se adaptar aos costumes dos colonizadores portugueses para não serem exterminados; também os negros, trazidos à força para trabalharem nas plantações como escravos, tiveram que mudar muitos de seus hábitos e costumes para sobreviverem; e o próprio branco português acabou, também, mudando, influenciado pelo que indígenas e negros traziam em sua bagagem cultural.
Além disso, durante 500 anos de história, esse povo promoveu o que se chama de miscigenação, ou seja, brancos, negros e índios produziram mestiços, como os caboclos, os mulatos, os cafusos – que, além de misturarem os tipos físicos, também produziram misturas culturais.
Porém, outros povos vieram se juntar aos português mais recentemente: italianos, espanhóis, eslavos, alemães, árabes chegaram trazendo novas formas de ver o mundo, novos costumes, novos hábitos, etc. Chegaram também os orientais, como os japoneses, os chineses, os coreanos, trazendo sua bagagem cultural milenar.
Assim, o povo ou nação brasileira é a mistura de todas essas diferenças – e, por isso, é único.
O enorme território que conhecemos hoje também teve uma história que o diferencia de outros no mundo – a ocupação foi feita lentamente a partir do litoral Atlântico para o interior.
Também aqui, na produção de um governo próprio e soberano, o Brasil se diferencia – enquanto muitos países se estabeleceram, da maneira como os conhecemos, há muito tempo, o nosso país só conseguiu sua autonomia no século XIX (07 de setembro de 1822) – até então ele era parte de um outro país, Portugal.
Somente com a independência foi possível, assim, se construir efetivamente um novo país – no princípio, a forma de governo foi a Monarquia (Império) e, já no final do século XIX, foi mudada para República Federativa.
Somo um país de fato,pois temos elementos que o compõem como tal: o povo, o território e o governo. Essa construção de nosso país, não ocorreu por acaso, mas acompanhou todo o processo de formação histórico-cultural do povo brasileiro e que, embora atualmente já podemos identificar o país como único, ainda não fizemos tudo: há que se aprimorar e valorizar a cultura do povo brasileiro, há que se ocupar plenamente e integrar o território nacional e há que se depurar e aperfeiçoar o governo para que sirva aos interesses comuns, de fato.
Portanto, cabe a cada um de nós, integrante desse povo, desse território, desse governo, contribuir para tornar isso possível – é isso que chamamos de cidadania.

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