Regionalizar significa dividir um território em partes ou em regiões com determinado objetivo – administrar, estudar, pesquisar etc.
O Brasil é considerado um país de grandes contrastes regionais, por isso, alguns autores afirmam que não existe um só Brasil, mas vários “brasis”.
A divisão do imenso território brasileiro em espaços geográficos regionais sempre constitui um sério problema. Existem atualmente várias propostas de regionalização, cada uma diferente da outra. As duas principais – Divisão em cinco macrorregiões e Divisão em três regiões geoeconômicas.
• Divisão em cinco macrorregiões, a mais conhecida das divisões regionais do Brasil – não necessariamente a melhor – é a divisão oficial do IBGE, de 1967, sancionada pela Constituição Federal de 1988 (embora com a criação de um novo estado, Tocantins, incluído na região Norte). Ela estabeleceu para o Brasil cinco macrorregiões, que são:
1. Região Norte – constituída por sete estados – Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Tocantins, Amapá e Roraima.
• Área: 3.851.560 Km² - 42,25% do território brasileiro;
• População em 2010: 15,8 milhões de habitantes – 8,3% do total da população nacional.
2. Região Nordeste – formada por nove estados – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia).
• Área: 1.556.001 Km² - 18,28% do território brasileiro;
• População em 2010 – 53 milhões de habitantes – 27,8% do total da população nacional.
3. Região Sudeste – constituída pelos seguintes estados: Minas Gerais, Espírito Santos, São Paulo e Rio de Janeiro.
• Área: 924.266 Km² - 10,85% do território brasileiro;
• População em 2010 – 80,3 milhões de habitantes – 42,1% do total da população nacional.
4. Região Sul – formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul;
• Área: 575.316 Km² - 6,76% do território brasileiro;
• População em 2010 – 27,4 milhões de habitantes – 14,3% do total da população nacional.
5. Região Centro Oeste – constituída pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal;
• Área: 1.604.852 Km² - 18,86 do território Brasileiro;
• População em 2010 – 14 milhões de habitantes – 7,3 do total da população nacional.
A divisão oficial do IBGE baseia-se em critérios político-administrativo e não é muito rigorosa do ponto de vista científico, os limites de cada região, segundo esse critério, coincide com as fronteiras estaduais, ao passo que a realidade nem sempre obedece as separações administrativas.
Por exemplo, a Amazônia não termina nos limites dos estados do Amazonas e do Pará com o Mato Grosso e o Maranhão, mas prolonga-se por enormes trechos dessas últimas unidades da federação. O Polígono das Secas, isto é, o Sertão semiárido, não se limita à grande região Nordeste do IBGE, mas estende-se pelo norte de Minas Gerais. 0 norte do Paraná está muito mais ligado a São Paulo, do ponto de vista econômico, do que ao sul desse estão ou a Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também temos o Mato Grosso do Sul: ele está ligado muito mais a São Paulo que às demais unidades que compõe a região Centro-Oeste.
Apesar das ressalvas, essa divisão em macrorregiões é bastante utilizada, pois os dados estatísticos do IBGE, são organizados levando em conta essas cinco grandes regiões. Note-se, em todo caso, que essa divisão não é das melhores por mais dois motivos.
O primeiro é que essas regiões são grandes em demasia. Uma divisão mais adequada deveria abranger regiões menores, geralmente a área de influência de uma grande cidade (a regiões do IBGE têm, cada uma, o tamanho de vários países europeus.
Outro motivo é que boa parte do território nacional ainda é pouco povoada e passa por um processo de ocupação econômica e migrações populacionais. É difícil regionalizar uma realidade que se está modificando rapidamente, tanto do ponto de vista da natureza (com a derrubada de florestas e mudanças nas paisagens naturais) quando do ponto de vista econômico (expansão da agropecuária e da industrialização em inúmeras áreas).
Ademais, o IBGE passou por grandes mudanças nas últimas décadas e praticamente deixou de ser um centro de pesquisa para limitar-se à coleta de dados estatísticos a serviço do governo federal. Os poucos técnicos especializados e geógrafos que ainda permanecem nessa instituição, depois de ter havido grandes cortes de verbas para pesquisas, admitem que essa divisão regional ficou ultrapassada nas últimas décadas. A realidade brasileira mudou bastante e a falta de interesse governamental por estudos aprofundados fez essa divisão obsoleta permanecer mais tempo do que deveria.
Divisão Regional – Regiões Geoeconômicas
Outra forma de dividir regionalmente o espaço brasileiro para melhor estudá-lo é aquela que reconhece três grandes complexos regionais, ou regiões geoeconômicas, no país: a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Sul. Trata-se de três grandes unidades, onde aparecem inúmeras diversidades locais dentro de cada complexo regional. Apesar disso, tem importantes características comuns no seu interior, e os limites de cada complexo regional, não coincidem totalmente com o limites dos estados.
Essa divisão tripartite é a mais adequada para uma compreensão das diversidades regionais do Brasil nesse nível genérico de estabelecer regiões imensas, com dimensões quase continentais . existem formais mais detalhadas e especificas de dividir e estudar regionalmente o espaço brasileiro, mas elas não são úteis numa abordagem de conjunto.
Em escala nacional, essa divisão que adotamos é a mais eficaz para se entender a ligação e a interdependência entre as diversas porções do território brasileiro: o Centro-Sul como área mais dinâmica, o Nordeste como região problemática (embora com áreas já modernizadas) e a Amazônia como fronteira de expansão agrícola e de povoamento.
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